Freitas Lobo dixit

Benfica, de Camacho a Rui Costa: A Bola, essa
amante

Ser treinador, na dimensão total, é, afinal, colocar as suas ideias em julgamento a cada jogo que passa. O primeiro passo para o fazer com convicção é conhecer a fundo todos os seus jogadores.
Sempre que vejo Camacho no banco, recordo o Camacho enquanto jogador. Existem diferenças e semelhanças. Desde logo, o peso é diferente, mas a postura, eminentemente instintiva perante o jogo, permanece. Em campo, era a personificação da «fúria», algo que, durante muito tempo, tentou definir o futebol espanhol. Como não se lhe detectava nenhum estilo, táctico ou técnico, em particular, acabou-se por o definir através de um estado de espírito.
No banco, Camacho continua a reger-se pelos mesmos princípios. As suas substituições mais do que mexer com a equipa, mexem com os jogadores. Sobretudo na atitude. Por vezes, até pode ser o suficiente para ganhar ou virar um jogo, mas, regra geral, o futebol de «top» exige hoje uma visão táctica mais evoluída. Para sair dos labirintos em que caiu durante os últimos jogos.
Entender as duas formas de vida de Cardozo e Nuno Gomes e mecanizar os seus movimentos para, mais do que dois jogares juntos no mesmo espaço, sejam verdadeiramente uma dupla de ataque. Ler o jogo, radiografar o adversário, conhecer a sua equipa a fundo e, assim, alterar o seu «jogar» conforme as circunstâncias. Um pensamento quase científico, menos instintivo.

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Partilho a minha opinião com Luís Freitas Lobo. Recomendo também a leitura da sua crónica no jornal A Bola desta quarta-feira. Camacho é limitadíssimo, e não é disto que o Benfica precisa.